segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O preço dos combustíveis

O preço dos combustíveis em Portugal deveria ser tema de uma qualquer tese tendo como assunto «Como enriquecer com os gastos dos outros!», pois esta questão é uma das que mais opiniões e artigos levam para os meios de comunicação social.
A Autoridade da Concorrência emitiu um relatório em que diz que não se passa nada no mercado dos combustíveis em Portugal e que nada se pode fazer para estagnar os aumentos sucessivos dos combustíveis.
Segundo dados divulgados pela Direcção Geral de Energia do Ministério da Economia tanto a gasolina 95 como o gasóleo tem preços superiores aos preços médios praticados na UE a 15, variação que vai desde os 0,3% aos 9,3% para a gasolina 95 no período de Janeiro de 2008 a Fevereiro de 2009, e para o gasóleo essa variação foi de 0,1% até 8,2%. Importa referir que estes valores foram considerados no custo dos combustíveis sem impostos, ou seja, no valor que as empresas arrecadaram na totalidade. Isto demonstra que a GALP arrecadou muitos milhões de euros de lucro.
Podia-se aventar a hipótese de que estes valores fossem devido ao elevado valor dos impostos. Ora, e segundo a mesma Direcção Geral, o valor dos impostos para os combustíveis em Portugal e no caso do gasóleo, esse valor representa 50,9% do preço final de venda ao público, enquanto na média dos países da UE a 15 o valor dos impostos sobre o mesmo combustível é de 53,3%.
Quanto à gasolina 95 o valor do imposto no preço final de venda em Portugal representa 67,5% enquanto a média na UE a 15 é de 67,3%, portanto um valor muito próximo da EU.
Então porque é que continuamos a pagar os combustíveis acima da média dos países da UE a 15?
A causa dessa situação é que os preços sem impostos, ou seja, os que revertem na sua totalidade para as empresas, são fixados por estas, são em Portugal superiores aos preços médios praticados na UE a 15.
Segundo dados divulgados pela GALP e pela Direcção Geral de Energia, entre o 1º trimestre de 2008 e o 1º trimestre de 2009, o preço do barril de petróleo baixou no mercado internacional 47,1% mas, em Portugal, o preço da gasolina 95 sem impostos baixou apenas 38,4% e o preço do gasóleo diminuiu somente 30,4%.
Ainda segundo a Autoridade da Concorrência no referido relatório, o preço médio antes de imposto do gasóleo leva 3 semanas a ajustar-se à subida do preço do petróleo, mas leva o dobro, ou seja 6 semanas, a ajustar-se à descida do mesmo preço. Quanto à União Europeia a 15, esses valores são metade dos que são praticados em Portugal (3 semanas). Quanto à gasolina 95 o período de ajustamento é de 4 semanas enquanto na média da UE a 15 é de 3 semanas para as subidas e de 2 semanas para as descidas.
Outra questão que salta aos olhos de todos é que o preço do barril de crude neste momento está a valores idênticos aos praticados no 2º trimestre de 2006 e o preço dos combustíveis são bastante mais elevados.
Para se ter uma ideia, de 2005 a 2008 os lucros da GALP atingiram quase 2,5 mil milhões de euros!
A acumulação desenfreada de milhões de euros para depois serem divididos por uma meia dúzia de nababos sem que a maioria dos Portugueses beneficiem desses lucros, estamos a falar de uma empresa pública que deveria fornecer um serviço público e em que o Estado ainda tem uma palavra a dizer, a isto o governo diz nada.
Assim como quanto à educação e à saúde, aqui também deveria ser cumprida a Constituição da República e colocar ao serviço e em benefício dos Portugueses este bem que deveria ser público!

Paulo «sopas» Amaral

1 comentário:

  1. Peço desculpe discordar ligeiramente. Não devemos ver as coisas "Como enriquecer com os gastos dos outros", mas sim "Como enriquecer empobrecendo os outros". De facto, continuamos a ter os combustiveis mais caros da Europa e em contrapartida, para "facilitar" as coisas continuamos a ter a maioria dos salários mais baixos da Europa como também temos os maiores salários da Europa, mas só para alguns "iluminados". Vejam-se bem todos estes contracensos. E o povo vai aguentando tudo. Nesta coisa dos combustiveis, a "estrela" da companhia, a AC, diz que está tudo bem porque os senhores nem sabem quanto custa um litro do dito combustivel uma vez que devem ter "bombas", quer dizer carros dos bons e caros, de serviço pagas por nós todos. A chatice é nossa que somos obrigados a dar voltas para encontrar a "coisa" menos cara. Se houvesse um bocado de vergonha as coisas estariam bem diferentes. Mas também se o povo pensasse melhor também podia dar a volta a isto. Era só parar uns dias e, se calhar, esquecer-se de ir votar. Quem sabe se não era uma boa medida?

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