segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Lisboa Menina e Moça

Fez ontem 3 anos que Carlos do Carmo recebeu o maior e mais prestigiado prémio da indústria discográfica: o Grammy.
Lembrei-me de um dos maiores sucessos do fadista, que dá nome a este blogue.
Mas também ao recordar a letra desse fado, dei comigo a pensar que nada daquilo que está contido naquele verso, neste momento é verdade.
Uma parte do verso diz, "Em Alfama descanso o olhar...", pressupondo que esse descanso teria a ver com as gentes e as características inerentes a um bairro típico.
"Da luz que meus olhos veem, tão pura...", o verbo deveria ser substituída por viram, pois a pureza da nossa cidade deixou de existir. Essa pureza que o fado de Carlos do Carmo fala, passou a ser os tróleis de viagem a calcorrearem as pedras das ruas dos bairros, deixou de se falar a língua de Camões para invariavelmente sermos obrigados, repito, obrigados a ter que falar inglês ou francês pois os que para cá vêm não se dignam a falar a nossa língua.
"Cidade mulher da minha vida.", assim termina o fado.
Para mim, que nasci e vivo em Lisboa num bairro histórico, esta cidade deixou de ser da minha vida. E não porque eu queira. Porque a isso fui obrigado. Empurrado. Como muitos Lisboetas que foram empurrados para fora da sua cidade por ação e por vezes omissão dos deveres de quem tem o poder de legislar e executar.
Esta cidade, que como escrevi há tempos deixou de ser para Lisboetas, está completamente descaracterizada.
COMPLETAMENTE DESCARACTERIZADA!
Este presidente de câmara, e o anterior que puseram em marcha um programa que delapida o centro histórico de Lisboa, são os principais culpados dessa descaracterização.
Nunca se fez tão mal a Lisboa como nestes dois últimos mandatos!
Todo o comércio que fecha no centro da cidade serve para construir hotéis e alojamentos locais, desvirtuando os usos e costumes de quem cá nasceu e de quem cá mora.

Paulo «sopas» Amaral

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

O PS mais o BE

Ainda não se sabendo qual ou quais os pelouros a atribuir ao BE, este aglomerado de partidos põe-se de cócoras perante a maior "fraude" política que alguma vez tomou conta da Cidade de Lisboa.
O PS e o aglomerado de partidos de extrema esquerda estão a um passo de chegar a acordo para que o pantomineiro Medina tenha maioria na CML.
Este protótipo de presidente de câmara, entregou no último mandato e continua pelos vistos neste mandato a entregar a cidade de Lisboa a negócios e negociatas à volta do turismo, olvidando os que aqui nasceram e moram.
Uma cidade projetada por Manuel Salgado que coloca em êxtase o Medina que entre tantas patacoadas exalta a cidade de Lisboa como estando a atravessar um "momento de dinamismo, ânimo, vibração..", esquecendo a criatura que essa cidade que ele tanto exalta é a mesma de onde são excluídos e expulsos os Lisboetas. Aqueles a quem se chama e se apelidam de Alfacinhas.
Esta Cidade que em tempos eu descrevi como a que já não é para os lisboetas, no meu blogue, é uma cidade antiga e magnífica.
Não precisava de um migrante, para vir fazer dela aquilo que nunca foi, não é e, se houver um movimento cívico para acabar com estas negociatas, nunca será: uma cidade neoliberal, uma cidade em que o que interessa não é ela própria nem os seus cidadãos, mas a perspetiva de poder atrair negócios e interesses privados.


Paulo Sopinha de Amaral