terça-feira, 21 de setembro de 2010

A receita e a despesa do Estado

Segundo dados oficiais revelados ontem, a receita fiscal, IRS e IRC, baixaram 7 e 8 por cento respectivamente no primeiro semestre deste ano. Estes valores, segundo a mesma entidade, irão fazer com que a receita este ano não atinga os valores previstos no OE.
Não sendo um especialista em economia e finanças, atrevo-me a fazer uma reflexão sobre estes números.
Quanto ao IRC a quebra das receitas fiscais dever-se-ão ao elevado número de falências de pequenas e médias empresas, as maiores contribuintes para este imposto, que tem acontecido durante este ano. Estas falências, algumas fraudulentas é certo, têm sido originadas pelas políticas errónea que este governo tem levado a cabo para sustentar o tecido económico português, não defendendo com medidas de incentivo à produção, os pequenos e médios empresários que querem produzir e dar emprego em Portugal.
Este governo prefere a protecção ao capital financeiro que permite a financeirização da economia que é um estrangulamento das forças produtivas em Portugal.
Por fim, quanto à quebra das receitas do imposto sobre as pessoas singulares, ela é uma consequência das falências das pequenas e médias empresas, pois se estas fecham portas colocam no despedimento milhares de trabalhadores que por conseguinte deixam de contribuir com o imposto sobre o seu trabalho.
Se esta análise não estiver correcta, agradeço que me expliquem porque é que as receitas fiscais referentes ao IRS e IRC têm caído durante este ano.

Paulo «sopas» Amaral

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A coragem dos Moçambiquanos!

Porque não seguirmos o exemplo dos homens e mulheres que lutam em Moçambique?
Porque razão nós, Portugueses, não temos a coragem que os Moçambiquanos demonstram?
Revoltam-se para defender os seus direitos, e por uma melhor qualidade de vida!
E reparem que não estamos melhores do que eles. A nós também nos arrombam a carteira com aumentos em cima de aumentos.
À semelhança de Moçambique, que viu os bens essenciais aumentarem cerca de 20%, e dou como exemplo a electricidade que foi aumentada quando têm Cahora Bassa a produzir energia em grande escala, nós também fomos aumentados em todos os bens essenciais, incluindo a energia e verificamos que a EDP apresenta milhões de euros de lucro por ano.
É vergonhoso!
E nós, Portugueses, calados, resignados, como se isso fosse uma inevitabilidade!

Paulo «sopas»Amaral

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O Estado Social do Sócrates

Ontem fomos contemplados com a notícia que o primeiro ministro (PM) inaugurou uma creche onde as crianças poderão permanecer até à meia noite e meia hora.
Esta creche, que foi anunciada pelo PM como um exemplo do "Estado Social" existente em Portugal, custou alguns milhares de euros e foi paga por um grande grupo económico, o grupo Auchan.
Ficámos a saber, pela inauguração com pompa e circunstância com direito a discurso e tudo, que o paradigma de "Estado Social" que o PM preconiza contempla crianças longe dos pais até altas horas da noite, e mais caricato, que o PM idealiza um "Estado Social" com dinheiros privados. Como diz o povo «com o casaco do meu pai também sou um homem».
Ora, como se sabe, a administração do grupo Auchan não está minimamente preocupada com o bem estar das crianças, nem com o facto de ir arranjar mais 20 postos de trabalho com a nova creche.
O que os administradores do grupo pretendem é a precarização do emprego, é poder ter os trabalhadores mais horas a laborar sem a devida retribuição monetária, e agora até já os filhos dos trabalhadores servem para ajudar a precarizar os postos de trabalho.
Com isto, os patrões cada vez mais põem e dispõem da vida pessoal e familiar dos trabalhadores.
O que o PM fez com aquela inauguração, foi nem mais nem menos que colocar os mecanismos do Código do Trabalho que ele fez aprovar na Assembleia da República, e que não é mais do que um documento que apenas obedece aos interesses das empresas e dos grandes grupos económicos.
Esta creche que permitirá aos filhos dos trabalhadores do grupo Auchan estarem acompanhados de educadoras de infância, será?, apenas é mais um mecanismo para a desregulamentação do horário de trabalho que tem implicações directas na vida pessoal e familiar.
Uma última nota acerca da notícia a que me estou a referir. Quando interpelado pelo jornalista acerca do números do desemprego que o Eurostat divulgou e que colocam Portugal com mais de 600 mil desempregados numa taxa de 11%, o PM pura e simplesmente ignorou a questão. Convém lembrar que em meados de Junho, quando o INE divulgou que a taxa de desemprego tinha caído duas décimas, é verdade, duas décimas, o PM teceu logo loas à sua política de emprego.
Temos uma personagem como PM que fala aos Portugueses quando duas décimas do número de desempregados baixa, mas que quando estamos perante uma crise social como é o facto de existirem mais de 600 mil Portugueses desempregados remete-se ao silêncio. Nem sequer respeita esses Portugueses, que muitas deles até terão votado nele.

Paulo «sopas» Amaral