terça-feira, 26 de setembro de 2017

Esta cidade não é para Lisboetas

Ontem quando saí do trabalho para ir para casa, lembrei-me do título do filme "Este País Não É Para Velhos", protagonizado por Tommy Lee Jones, para transportar para o título deste blogue.
Esta Cidade Não É Para Lisboetas.
E não é porquê?
Porque o elétrico 28 já não serve os habitantes da cidade, apenas transporta turistas, tipo lata de sardinha. Ainda estou para perceber o que é que aquelas criaturas veem quando andam no elétrico apinhado, em pé e sujeitas a serem roubadas...
...porque o comércio tradicional acabou, dando lugar a lojas de paquistaneses, indianos, chineses...
...e a hotéis...
...porque os habitantes são despejados para darem lugar a alojamento local e hostels...
...porque não se consegue andar pelas ruas do centro de Lisboa, sem sermos "arrastados" por magotes de turistas...
...porque já não acordamos de manhã a ouvir a Ti Glória a chamar os cães e a dar os bons dias às vizinhas, mas sim com o barulho ensurdecedor dos tróleis de viagem puxados por turistas com pressa para apanhar o avião, no empedrado das nossas ruas...
...porque não conseguimos circular com os nossos carros nas nossas ruas sem sermos importunados pelos tuk-tuk's que param em todo o lado, mesmo no meio da rua, para os turistas tirarem fotos dos monumentos...
...porque a câmara alargou os passeios no centro da cidade, não para facilitar a mobilidade dos que cá vivem mas sim para permitir instalar esplanadas criando constrangimento na circulação a pé de muitos de nós...
...porque a câmara e a EMEL permitiram esplanadas nos locais onde era suposto haver lugares de estacionamento, nas zonas de trânsito condicionado, colocando assim mais um entrave a que venham pessoas viver para os bairros históricos...
...porque as juntas de freguesia, não estavam nem estão preparadas para a necessidade de fazerem a limpeza das ruas, após o desmesurado aumento de turistas, e do lixo que estes fazem, nas suas zonas de intervenção.
Tenho reparado que existe em vários locais do centro de Lisboa a frase:
"Massive Tourism = Human Pollution"
É assim que me sinto, a viver num local completamente poluído...
Mas, quando esta febre turística acabar, o que será da minha Cidade?
O que será do meu Bairro de Alfama?
O que se fará, para reabilitar as casas que ficaram vazias com a fuga dos turistas?
O que será dos postos de trabalho que este turismo poluente criou, nomeadamente nos hotéis?

Acordai, Povo, Acordai!

Paulo Sopinha de Amaral

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Precisamos mesmo de todos?

O meu bairro, Alfama, está inundado de cartazes da dupla maravilha do PS, o presidente da câmara e o presidente da junta de freguesia de santa maria maior, ambos recandidatando-se, embora o presidente da câmara seja a primeira vez que vai a votos como cabeça de lista, a dizer que santa maria maior precisa de todos.
E eu pergunto, mas que todos?
São os turistas que nos invadem?
São os próprios, a dupla maravilha?
São aqueles que preferiram não abandonar o bairro e ainda cá moram?
São os que preferiram trocar uma casa nos arredores de Lisboa para vir viver para o centro da cidade?
Sei que a palavra "todos" é um substantivo masculino plural, que significa toda a gente.
Mas será que toda aquela gente que enunciei atrás pode conviver uns com os outros da forma como tem acontecido?
Será que a dupla maravilha não percebe que foram eles os causadores da desertificação das gentes autóctones dos bairros históricos ao permitirem que se corresse com os "de cá" em detrimento dos "de fora"?
Será que queremos votar naqueles que, apenas a pensar no aspeto económico, têm degradado as condições de vida dos que habitam no centro de Lisboa?
Não eu não quero!
E considero que Santa Maria Maior não precisa de facto de toda aquela gente!

Acordai, Povo, Acordai!

Paulo Sopinha de Amaral