segunda-feira, 27 de julho de 2009

Promessas

Neste ano recheado de eleições, alguns políticos enchem-nos de promessas de desejos de melhores dias, mais dinheiro nos nossos bolsos, melhor futuro para os nossos filhos, mais e melhor justiça, a saúde mais barata e com melhores médicos, enfim uma panóplia de promessas e desejos que não fosse estarmos fartos delas e deles, desses carregadores de promessas disfarçados de políticos, e seríamos levados a acreditar que só querem o nosso bem.
Esses políticos dizem tudo isto em frente às câmaras de televisão com um ar cândido que até as crianças sentem pena deles.
José Sócrates fez a apresentação do programa de governo que irá apresentar nas próximas eleições legislativas, aliás programa que teve o apoio e a mãozinha de economistas do mais neoliberal que a nossa política comporta, e nesse programa lá vêm as referidas promessas.
Não querendo fazer futurologia, porque o senhor se voltar a ser eleito PM, lagarto, lagarto, lagarto, poderá cumprir o que agora prometeu. Mas o que não podemos olvidar foram as promessas que ele fez em 2005 e que passados quatro anos não cumpriu. Estas sim, temos dados que podem comprovar o que prometeu e não cumpriu.
Começo pelo número famoso dos empregos: 150 mil. Para já, desconfiei logo à partida pelo facto de ser um número muito redondo. O que o senhor arranjou foi um saldo escasso de 4700 empregos no 1º trimestre deste ano, segundo dados que obtive no sítio do INE.
No mesmo sítio, consegui descobrir que a taxa de desemprego passou de 7,9% para 8,9%.
A análise que faço a estes números é que neste valor não se encontram as pessoas que estão a tirar cursos de formação profissional e os empregos sazonais que no nosso país tem um peso muito grande.
Para não falar nos cerca de 144 mil desempregados que foram eliminados dos ficheiros do IEFP. Então posso dizer que a taxa de desemprego actual poderá estar muito próxima dos 11%, o que para quem prometeu 150 mil novos empregos o deve deixar bastante angustiado. Ou não!
Segundo o IEFP, em Dezembro de 2008 o número de desempregados inscritos nos centros de emprego era de 416.005.
De 1 de Janeiro até 30 de Abril deste ano, inscreveram-se nos centros de emprego 237.077 novos desempregados, e ainda segundo dados do IEFP foram colocadas a trabalhar 17.789 pessoas inscritas nos centros de emprego.
Ora se somarmos isto tudo e diminuirmos as pessoas entretanto colocadas dá um valor de 635.293 desempregados inscritos nos centros de emprego.
Ora, não só o Eng. Sócrates não criou 150 mil novos postos de trabalho como conseguiu arranjar mais 635 mil desempregados.
Uma promessa não cumprida.
Em relação ao défice foi pedido aos Portugueses esforços atrás de esforços para que o tão famigerado défice não fosse superior a 3%, para não irmos de encontro ao que a UE nos pedia.
Quatro anos passados, e muitos sacrifícios feitos pelos trabalhadores, pois foi só para os trabalhadores que os sacrifícios foram pedidos, o défice não só não foi cumprido como neste ano chegará perto dos 6%.
Pergunto: Para quê tantos sacrifícios, para quê os aumentos dos impostos e a diminuição dos salários reais, se o défice está hoje como estava há quatro anos?
Duas.
Em termos de segurança interna, o PM prometeu colocar no patrulhamento mais 4800 agentes da PSP. Em 2009 apenas foram libertados para patrulhamento de rua 1200 agentes.
Mais uma, a terceira.
O apoio às PME, que são cerca de 90% do tecido empresarial português, não foi feito conforme o prometido em 2005, além de que não conseguiu cumprir o objectivo do investimento estrangeiro que ficou muito aquém do que tinha sido prometido.
E vão quatro.
Nas finanças públicas, a dívida pública que deveria ter sido estabilizada neste mandato passou de 64% para perto dos 70%.
Mais uma.
A reforma da organização e do mapa judiciário não passou do papel, e em lugar de ser uma reforma estrutural passou a pertencer à secção das experiências deste governo.
Já vai em seis.
Seria um post exaustivo se estivesse a elencar todas as promessas que o Eng. Sócrates não cumpriu, estas são as mais emblemáticas e que por vezes somos levados a esquecer e a não dar o devido valor do que estava em jogo.
Muitas destas promessas se cumpridas, poderiam ter melhorado muito a vida dos Portugueses. No entanto o que se viu foi que mesmo com a crise mundial que se iniciou em 2008 e se estenderá até não se sabe quando, uns ficaram mais pobres enquanto outros obtiveram lucros vergonhosos. Caso da banca, da GALP, da EDP, etc.
Por isto, não acredito no que estes políticos dizem.
Outrossim, acredito que a actividade política em Portugal sairia beneficiada se houvesse caras novas na política. Se estes que há cerca de 30 anos nos governam derem lugar a outros, podia ser que a credibilidade dos políticos deixasse de cair e se fizesse realmente política em Portugal. Política em benefício do povo.

Paulo «sopas» Amaral

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