terça-feira, 21 de julho de 2009

A Islândia.


A Islândia sempre foi um País que me seduziu.
Está localizada ao norte do Oceano Atlântico, pouco a sul do Círculo Polar Árctico, o que pode dar a sensação de conseguir ver o resto do Globo “de lá de cima”.
A Islândia é a 18ª maior ilha do mundo e ao contrário do que muita gente pensa faz parte da Europa. Contudo, em termos geológicos a ilha pertença à Europa e à América do Norte.
Esta ilha tem 103 mil km quadrados de área no qual 14,3% são cobertos de lagos e glaciares e a vegetação cobre apenas 23% daquela área.
A costa islandesa é composta por imensos fiordes e é também aqui onde estão situadas a maioria das cidades, em virtude de o interior da ilha ser muito mais frio e a combinação entre areia e montanhas tornar o interior inabitável.
Sendo Reykjavík a sua capital, a Islândia tem em Akureyri a maior cidade fora da área da capital.
A maioria das vilas e cidades rurais têm na indústria da pesca a sua fonte de sustento principal que fornece 40% para as exportações da ilha.
A Islândia foi considerada em tempos o sétimo país mais produtivo do mundo. Tirando a energia geotérmica a Islândia não possui recursos naturais, sendo que a sua economia dependia sobretudo da indústria da pesca, que além do peso nas exportações empregava 8% da força do trabalho.
No entanto esta dependência económica do sector da pesca tem vindo fortemente a cair, sendo que outros sectores têm vindo a crescer como a indústria do turismo, tecnologia e várias outras indústrias não produtivas. Por isto o crescimento económico na Islândia sofreu uma quebra acentuada entre 2000 e 2002, embora a sua economia tenha crescido até 6,2% em 2004.
A economia da Islândia, tem-se vindo a diversificar sendo que na última década em detrimento do sector produtivo, a Islândia procedeu à passagem destes sectores para a produção do software, biotecnologia e principalmente os serviços financeiros.
O sector do turismo e o financeiro, ao contrário do das pescas, está em expansão.
Neste aspecto, a capital financeira da Islândia, Reykjavík, acolheu grande número de empresas de investimento e financeiras.
Como todos sabemos, em 2008 o colapso do sistema financeiro no mundo, alastrado dos EUA a todo o Globo, trouxe muitos dissabores a países que considerávamos intocáveis. Países ricos e desenvolvidos, como a Islândia.
Assim, sendo a Islândia um País que vivia sobretudo da financeirização da economia, em detrimento do sector produtivo, a crise foi sentida sobremaneira, levando à falência dos seus três maiores bancos, onde a sua dívida ascendia a cerca de seis vezes o seu produto interno bruto (PIB).
Com tudo isto, com a hecatombe que se previa iria desabar sobre o estado Islandês, o governo da Islândia aumentou as taxas de juro para 18%, coisa impensável há cerca de meia dúzia de anos, sendo obrigado pelo FMI, principalmente devido às condições do empréstimo obtido junto daquela instituição. Além deste empréstimo, a Islândia recorreu aos países nórdicos para obtenção de mais 4 mil milhões de euros, o que veio a contribuir ainda mais para o colapso financeiro do País.
Em 26 de Janeiro deste ano o governo caiu devido à manipulação que tinha feito da crise financeira e foi eleito um novo governo de esquerda.
Este, imediatamente iniciou um processo de reestruturação do sector bancário e financeiro do País, começando pela demissão do governador do banco central.
Todo este texto serve para indicar que de facto o capitalismo soçobrou. O capitalismo ao produzir esta crise financeira veio por à tona todo o seu carácter sistémico, injusto e pouco produtivo.
Os Estados ao transformarem dinheiro em mais dinheiro através de processos especulativos sem nunca passarem pela actividade produtiva, têm demonstrado ser esta a principal resposta do sistema capitalista para esta e todas as crises estruturais.
Ao não conseguirem obter taxas médias de lucro esperadas fez com que se transferisse as mais-valias geradas para a esfera da especulação financeira em detrimento do investimento produtivo, o que após uma crise tão grave como esta veio colocar países ricos e desenvolvidos, como a Islândia, na bancarrota.
A financeirização da economia é uma das vertentes mais demolidoras das crises financeiras, por isso posso afirmar que as recorrentes crises financeiras são a consequência da progressiva financeirização do capitalismo e do domínio do capital financeiro.
Paulo «sopas» Amaral

1 comentário:

  1. Fico muito contente com mais esta sopa na blogosfera.
    Liás, vou já por-lhe um link no http://politica-dura.blogspot.com/ oh, se vou!

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