domingo, 23 de novembro de 2014

Crise

O mais importante a reter desta semana que passou não é a detenção de Sócrates para ser ouvido no Campus de Justiça pelo "super-Juiz" Carlos Alexandre, outrossim, a perceção de estarmos a atravessar a maior crise de regime.
Se não vejamos.
Tivemos o caso BPP onde o seu "dono" se relacionava de forma clara com as altas figuras do Estado na altura; é só ver quem pertencia ao governo quando o escândalo do doutor Rendeiro se deu.
O caso BPN em que estiveram, e estão (?) envolvidas altas figuras que pertenceram e pertencem ainda (?) ao PSD.
O processo Monte Branco, o caso Universidade Moderna, a Operação Furacão, o Freeport, o caso dos terrenos da Portucale, o processo Face Oculta e Cova da Beira e a cereja em cima do bolo o caso GES/BES, para citar os mais recentes e mediáticos.
Tivemos a novela da licenciatura do Sócrates e a seguir a do Relvas.
Mais recentemente tivemos o diretor do SEF detido, o presidente do IRN detido, um ministro da Administração Interna que se viu obrigado a demitir em virtude das suas relações, pessoais e profissionais, com alguns dos detidos no caso dos vistos dourados.
Enfim, se isto não é uma grave crise do regime não sei o que será.
E é só ver quem estava nos governos, quando sucederam estes casos…
Todos os favores se pagam. De uma forma ou de outra, todos os favores de hoje serão pagos no futuro, e quando estamos a falar de criaturas que para ascenderem ao poder tudo fazem, obrigatoriamente depois de lá chegarem os que lhes suportaram as campanhas, os almoços e os jantares, vão em busca do retorno.
Esta crise deve-se essencialmente à fraca qualidade dos políticos que têm assumido o poder, ou seja, os políticos que pertencem aos partidos do arco da governação.
E nem é só fraca qualidade, é também falta de ética e de valores.
Para eles, para ascenderem ao poder tudo vale.
E depois de lá estarem continua a tudo valer para se manterem.
Não é entendível que estas situações aconteçam sob os nossos olhos e ouvidos e ninguém se insurja.
Espero que a Justiça se comporte com estas altas figuras da mesma forma que se comportou com aquela senhora que foi apanhada a roubar um champô e um pacote de bolachas num supermercado .

Porque para a Justiça, todos os cidadãos são iguais. Tanto aquele que rouba três euros como aquele que trafica três milhões…

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