domingo, 5 de fevereiro de 2012

A culpa!

O capitalismo está instalado na sociedade.
Para mal dos nossos pecados, digo eu!
Baseado num sistema neo-feudal, pode-se mesmo dizer que ao feudalismo sucedeu o capitalismo, este divide os homens em burguesia (no sistema feudal senhores) e trabalhadores (os servos no feudalismo), onde predominam as relaçōes servis, relaçōes de exploração e dependência.
Muitos dos opinadores de serviço ao sistema, dizem que o capitalismo é o único capaz de tornar o mundo mais igual...
Os mesmos afirmam que o sistema capitalista melhorou a vida a muitos milhões de pessoas. Mas, ao mesmo tempo, piorou a vida a muitos mais milhōes. Podemos constatar isto mesmo quando cada vez existem mais desigualdades sociais e estas são mais visiveis e significaivas nos países ditos capitalistas.
A crise actual, que teve o seu inicio nos EUA em 2008 é preciso não esquecer, mas que em Portugal já tem cerca de 36 anos, é demonstrativa que o capitalismo cria crises sistemáticas e sempre a nível global. Uma crise marcada pela recessão económica mundial, por quebras acentuadas da produção e consumo, por tendências inflacionárias e pelo rápido aumento do desemprego.
A situação actual exige a canalização de fundos públicos para o apoio social aos trabalhadores e aos outros sectores da economia afectados pela crise que não foram eles que criaram, e também o reforço das funções sociais do Estado.
Mas, o que temos vindo a assistir é a politicas que insistem nos apoios ao sector financeiro. Na canalização do investimento público para o financiamento dos grandes grupos económicos e financeiros, colocando sempre o ónus desta crise em quem menos tem e menos pode. Os pequenos e médios empresáros e os trabalhadores.
Demonstrativo do que acabo de afirmar é o facto de nos processos de reestruturação dos grandes grupos económicos, estes empurram para o desemprego milhōes de trabalhadores a nível global, como se fosse isto a panaceia para a crise, aumentando com isso as desigualdades sociais.
Mesmo recebendo milhões de euros de apoios estatais, muitas empresas denotam grande insensibilidade moral perante a crise ao colocarem no desemprego milhōes de trabalhadores.
Tem sido apanágio dos diversos governos, tanto em Portugal como por esse mundo fora, colocarem a culpa de tudo isto em cima dos trabalhadores.
Todas as medidas restritivas e de austeridade levadas a cabo por esses nababos, atacam ferozmente a classe trabalhadora em todo o mundo, como se fossem estes, de facto os culpados pela situação a que chegámos.
Nunca foi dado o devido enfoque ao que o sector financeiro fez para que a crise se instalasse de "armas e bagagens" a nivel mundial.
A financeirização da economia é uma das vertentes mais demolidoras das crises económicas.
A autonomização dos fluxos financeiros, onde se transforma dinheiro em mais dinheiro, como o desenvolvimento de processos especulativos sem passar pela actividade produtiva tem sido a principal resposta do sistema capitalista para a crise estruturante.
Como não conseguiam obter taxas médias de lucro esperadas, os nababos dos capitalistas fizeram transferir as mais valias geradas para a esfera da especulação financeira em detrimento do investimento produtivo.
Por isso, posso afirmar que as recorrentes crises financeiras são a consequência da progressiva financeirização da economia e do dominio do capital financeiro.
Muitas das instituiçōes que nasceram e floresceram fruto do sistema capitalista foram salvas, e algumas delas estão a sê-lo neste momento,  pelos governos dos seus paises a quem tantas vezes diabolizaram e a quem impuseram que não interferissem nos mercados.
Por outro lado, há quem afirme que num mercado livre existe competição e concorrência entre todos os integrantes do sistema, e quando algum individuo recebe em troca do trabalho menos do que produz, facilmente poderá migrar para outro empregador.
Só que na actual conjuntura esta é uma ideia francamente falsa, pois tendo o desemprego atingido numeros tão elevados com aqueles que nos chegam pelas instâncias internacionais, com a falência, algumas fraudulentas, de inúmeras empresas cada vez é mais dificil um trabalhador sair de um emprego e entrar noutro sem antes passar por um largo periodo de inactividade.
Aqui reside outra das grandes contradiçōes, fraquezas e vulerabilidades do sistema capitalista.
Segundo uns quantos arautos do sistema capitalista, a eliminação da pobreza é um dos paradigmas do capitalismo. Vou tentar desmistificar este devir.
O capitalismo produz riqueza mas não a divide.
O capitalismo produz lucros mas esses lucros não são mais do que o valor criado pela força do trabalho, à qual não se dá o devido valor.
Por isso constato que grandes empresas de sectores estratégicos que foram privatizadas, como a EDP, a GALP, a PT, a Brisa, tenham milhōes de euros de lucro por ano e os bens que essas empresas fornecem à população são cada vez mais caros.
O que é que seria se esses milhōes fossem canalizados para o SNS, para o sistema educativo ou para a habitação, direitos inalienáveis e consagrados na Constituição da República Portuguesa?
Aproveito para responder: viveriamos melhor!
Por isso, para quem diz que o capitalismo é a panaceia para os nossos problemas, eu respondo que não.
Não é isto que preconizo para o futuro da minha filha!

Paulo "sopas" Amaral

1 comentário:

  1. O privado alimenta-se do publico, e no anonimato silencioso em que o faz, vai fazendo alarde da necessidade de se demarcar do mesmo, como se dele não fizesse parte, porque não quer fazer. mas tudo é publico e tudo é privado, são as duas faces da mesma moeda. Ninguém cria nada a partir do nada, nem ninguém faz ou inventa nada sozinho. Este tipo de privado tem um rosto e uma mente, que é diferente da do colectivo. O verdadeiro colectivo não consegue ser ganancioso, porque não esta nunca sozinho, e não se pode perder no medo e na avareza. Esta é a mensagem que deve passar. Esta é a palavra capaz de criar mudança.
    Força Paulo!

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