segunda-feira, 13 de julho de 2015

Demo Cracia

Estas duas palavras, de origem no grego antigo, quando juntas dão democracia.
A palavra democracia teve origem na junção de «demos» ou povo, e «kratos» ou poder, ou seja o «poder ao povo».
Ora foi exactamente isso que o governo da Grécia fez aquando da decisão de realizar um referendo para aquilatar o que os gregos pretendiam em relação às medidas que a troika pretendia impor-lhes, deu o «poder ao povo».
Fora a justeza da decisão e se o governo da Grécia quis sacudir a água do seu capote para a atirar para cima do capote do povo, tirando do debate o facto de se achar que o governo grego fez bem ou mal e se as instituições europeias fizeram chantagem com os gregos, o que se pode e deve afirmar de forma apodíctica é que este é o verdadeiro paradigma de democracia.
Dar poder e voz ao Povo, não só quando há eleições, mas sempre que existam motivos que impliquem medidas que possam influenciar o viver dos povos.
E o que o Povo Grego disse quando foi chamado a referendar a austeridade foi que não pretende mais do mesmo medicamento para a cura que as instituições europeias teimam em querer receitar.
A resposta que o Povo Grego deu às instituições europeias, independentemente do que vier a acontecer, e quando escrevo isto parece que já se chegou a um acordo entre os países da zona euro quanto à situação da Grécia, foi um importante avanço na luta pelo conformismo e contra as diversas teorias do medo e contra as chantagens que têm sido feitas ao longo destes tempos contra os chamados países periféricos.
Mais, o que se passou na Grécia no passado dia 5 de julho foi antes de mais uma enorme demonstração de consciência política.
Agora o que sucedeu após aquele dia, é bastante esclarecedor do que é neste momento, a União Europeia.
A Europa deveria ser um espaço de solidariedade e coesão entre os Povos. Mas o que está a suceder é que Europa, que se mistura com União Europeia, é antes de mais um espaço de solidariedade com os países do centro em detrimento dos pequenos países situados na periferia dessa mesma Europa.
Ora, não foi com este espírito que a Europa foi criada em 1957, naquilo que se chamou a Europa dos Seis (Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos) por proposta de Robert Schuman antigo ministro Francês.
É isto que tem sido dito e escrito por personalidades insuspeitas por essa Europa fora.
Não é este o espírito da União Europeia!
A União Europeia não pode ser um directório do Bundesbank, nem da Sr.ª Merkel, nem do Sr. Hollande.
Estas personalidades e todas aquelas que criaram a zona euro, deveriam ter percebido que não se pode juntar numa mesma moeda países económica e financeiramente tão diferentes. Países onde existem tantas diferenças a nível fiscal, de impostos, de salários, de crescimento económico, nas regras bancárias, nas taxas de juro etc.
Não, não é possível juntar tanta dissemelhança em sectores tão importantes nas sociedades contemporâneas como estes que acabei de citar, e conseguir viver num mesmo espaço...

Paulo «sopas» Amaral

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