quarta-feira, 28 de junho de 2017

Ser do Bairro

Há alguns anos atrás, e não é há muitos, o que se ouvia nas ruas do meu Bairro de Alfama eram os homens e mulheres bairristas, aqueles homens e aquelas mulheres que davam vida a Alfama, que transpiravam bairrismo e que eram a essência do Bairro.
No Bairro onde nasci e ainda moro, tratavam-se as pessoas pelo nome, não havia ninguém que pudesse estar mais do que dois dias sem ir à mercearia ou à leitaria que logo alguém lhe ia bater à porta a saber se estava tudo bem, quando se saía de casa dizia-se bom dia com quem nos cruzávamos.
No Bairro onde nasci e moro, as pessoas que eram a génese de Alfama são colocadas fora de suas casas pelos senhorios que na ânsia de fazerem dinheiro e com o apoio da CML e da Junta de Freguesia matam Alfama e a sua essência.
Agora, no Bairro onde nasci e moro, o que se ouve são os tróleis de viagem nas ruas empedradas, já não se diz bom dia com quem nos cruzamos na escada do nosso prédio e o que se ouve falar é inglês, francês, alemão...
Há cerca de duas semanas fui almoçar à Baixa de Lisboa com a minha mulher.
Quando nos acercámos da entrada de um restaurante para consultar a ementa, um empregado chegou perto de nós e perguntou em inglês se nos poderia ajudar ao que eu respondi que falávamos português ao que o senhor disse textualmente "por vezes eu também".
Ao que isto chegou!
E agora, querem-me impingir esta criatura que se diz presidente da CML que tudo tem feito para destruir os Bairros Históricos de Lisboa, que tem posto num caos a vida de quem necessita da cidade para trabalhar com obras e mais obras, muitas delas de duvidosa eficácia.
ACORDAI, POVO, ACORDAI!

Paulo «sopas» Amaral

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