quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O resultado das eleições legislativas IV (BE)

O BE duplicou o número de deputados e aumentou cerca de 200 mil votos o seu resultado eleitoral. Verdade.
Contudo, e levando em conta o que os dirigentes, perdão, Francisco Louçã o omnisciente, disseram na campanha eleitoral em que pretendiam ser a 3ª força partidária e com isso sujeitar o PS a coligar-se com ele, esta eleição não correu bem. Até porque o número de deputados do BE em conjunto com os do PS não chegam para a maioria parlamentar que tanto Louçã desejava, embora dissesse que não.
No que respeita à noite eleitoral do BE, o que retive foi a prepotência e falta de humildade dos seus dirigentes.
Trinta minutos após as primeiras projecções já um eminente dirigente do BE, um ex qualquer coisa, anunciava que o BE e passo a citar "mais que dobraria o número de deputados".
Falta de modéstia fica mal a qualquer um e em qualquer circunstância, mas mais mal fica quando repetidamente caímos nela, que tem sido o caso dos responsáveis do BE.
Num partido recém formado, partido na verdadeira acepção da palavra pois ideologicamente o BE é uma amálgama de ideologias, por isso na maior parte dos casos apenas o omnisciente Louçã discursa e onde esconderam dois fundadores, um deles o Major Mário Tomé ex-UDP, dos comícios e das sessões do BE sabe-se lá porquê, num partido recém formado dizia eu, fica sempre bem um pouco mais de humildade. Ainda para mais num agrupamento de pessoas que se dizem de "esquerda moderna", só comparável à "esquerda possível" que o também ex-qualquer coisa Manuel Alegre preconizou num comício do PS.
Quanto ao BE, espero ter tempo e paciência para escrever mais umas coisas.

Paulo «sopas» Amaral

O resultado das eleições legislativas III (CDS-PP)

O CDS-PP foi o grande vencedor destas eleições.
Não só chegou aos dois dígitos, como necessita agora de 4 táxis para transportar o seu grupo parlamentar. Vinte e um deputados.
Foi o grande vencedor destas eleições porque, ao contrário do BE que o diz mas não o pratica, empenhou poucos meios e dinheiro na campanha eleitoral, conseguiu cativar eleitorado que tradicionalmente não vota CDS e além disto ainda teve que se ver com as sondagens. Estas deram sempre ao CDS-PP resultados na ordem dos 6 a 8 por cento e até aqui Paulo Portas teve que lutar contra estas empresas.
Por isto, Paulo Portas foi o grande vencedor das eleições legislativas.
Devo convir que o CDS-PP tem, apresentou e preconiza propostas e medidas que não ficariam mal num programa de governo de um partido de esquerda. Entre elas, as medidas defendidas em torno da segurança social e do RSI e da educação, por exemplo.
Por tudo isto, e após os resultados das eleições, Paulo Portas voltou a colocar o CDS-PP como partido do arco de governação. E isto é de facto uma grande vitória.

Paulo «sopas» Amaral

O resultado das eleições legislativas II (PSD)

O PSD de Manuela Ferreira Leite (MFL) obteve um resultado praticamente idêntico ao que Santana Lopes obteve em 2005.
Só que Santana Lopes foi a eleições numa conjuntura muito mais desfavorável para si e para o PSD do que a que existia antes destas eleições. Santana Lopes tinha acabado de ser demitido do cargo de primeiro-ministro que exerceu após a fuga de Durão Barroso para o el dorado de Bruxelas que como diz a sabedoria popular, a Santana Lopes o governo, caiu-lhe nos braços sem saber ler nem escrever. A acrescentar a isto Santana Lopes teve que se haver com um artigo de opinião demolidor de Cavaco Silva que destruiria qualquer líder do PSD. Ainda assim, Santana Lopes obteve cerca de 28% dos votos.
Nestas eleições, e como atrás disse numa conjuntura muito favorável o PSD obteve 29% de votação. E o que se ouve da líder do PSD. Esperemos pelos resultados das autárquicas!
O PSD, perdeu estas eleições. Não aproveitou o élan da vitória nas eleições europeias, também não soube tirar partido, eleitoralmente claro está, da crise em que o PS mergulhou o País ainda antes da crise internacional, nem retirou vantagem do profundo descontentamento que reinava em Portugal. Por tudo isto penso que o PSD teve uma pesada derrota eleitoral.
Não tanto pelos valores pois até aumentou o número de deputados, mas pelo que não soube aproveitar da conjuntura que se vivia no país.
MFL não saiu da liderança do PSD, mas posso concluir deste resultado, e também pelo do CDS-PP, que os militantes e simpatizantes do PSD já a demitiram.

Paulo «sopas» Amaral

O resultado das eleições legislativas I (PS)

Mais uma eleição que passou. E vão duas, num ano repleto de sufrágios e de esmiuçados.
Esta eleição que servia para os eleitores escolherem os 230 deputados à Assembleia da República, e não o primeiro-ministro como erradamente os meios de comunicação social, os fazedores de opinião e até alguns políticos, fizeram passar, trouxe ao panorama político nacional umas quantas novidades e uma nova arrumação no hemiciclo.
Por partes.
O Partido Socialista perdeu nestas eleições. É certo que ficou à frente em percentagem, em mandatos e em número de votos, mas para quem usufruía de uma confortável maioria obtida em 2005 e com ela governando de forma autoritária e prepotente, este resultado não deixa de poder ser considerado uma derrota.
O PS perdeu cerca de 8 por cento dos votos e 25 deputados além de ter perdido cerca de 500 mil eleitores.
Se juntarmos a isto a derrota, esta sim uma derrota em todos os parâmetros e ficando atrás do PSD, penso que no Largo do Rato o ambiente não deve estar muito saudável.
Quanto ao discurso de Sócrates na noite eleitoral, ele diz tudo sobre o carácter e a forma de fazer política do senhor. Quando ele falou em «vitória extraordinária», deve ser irresponsável ou então estava a mandar areia para os olhos dos Portugueses. Aliás, foi isso que Sócrates fez nesta campanha eleitoral, mandar areia para os olhos dos Portugueses, pois a partir do momento em mudou o seu discurso e o tom, passando a ser um cordeirinho, não foi mais do que se tornar num pantomineiro de primeira classe. E o povo acreditou!
Mas não foi só Sócrates a contemplar-nos com dislates deste calibre.
O presidente do grupo parlamentar do PS e seu alto e destacado dirigente Alberto Martins, disse num canal de televisão na noite eleitoral, que este resultado do PS tinha sido muito bom em comparação com o resultado obtido na Alemanha por Angela Merkell...
Quanto ao resultado do PS, acho que deve ficar na história política de Portugal.
Um primeiro-ministro que se recandidata a umas eleições, depois de ter governado com uma maioria confortável e perdê-la da forma como Sócrates perdeu e com os números que foram, devia ser caso para ele vir agora dizer "ainda está para nascer o primeiro-ministro que destrua uma maioria absoluta, transformando-a num resultado abaixo dos 37%".
Bom, agora vamos ver como é que o animal feroz ou o cordeiro, irá governar.
Para obter uma maioria parlamentar com um só partido, ela terá que ser feita à direita com o CDS-PP, partindo do pressuposto que com o PSD não haverá entendimento. A coligação à direita seria contra-natura, embora não fosse a primeira vez que PS e CDS se entenderiam.
Para fazer maioria parlamentar à esquerda, que para mim seria o mais razoável para o País, apenas com a CDU e o BE conjuntamente. Mas coloco muitas dúvidas acerca deste casamento a três.
Resta ao PS e a Sócrates governar com a minoria que ainda assim os Portugueses lhe deram, que povo sem memória, e fazer acordos pontuais e política a política. Mas será que Sócrates tem ainda credibilidade e poder de negociação para o fazer?
Vamos ver.

Paulo «sopas» Amaral

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O Magalhães

Ficámos a saber que o programa de distribuição do computador Magalhães aos alunos que iniciaram o primeiro ciclo foi suspenso pelo governo.
Alegando que deve ser o próximo governo a estabelecer prioridades e a forma como o programa estava a ser seguido. Outra das alegações do actual governo é que devia ser o próximo executivo, que sair das eleições de domingo, a definir se o programa é para continuar ou não. A ministra da educação incluiu nestas esfarrapadas desculpas o facto de não estar orçamentado este encargo.
Ora, vindo de quem vem apetece dizer que estes senhores estão a mandar areia para os olhos de todos nós.
Então o orçamento que estamos a utilizar não foi o orçamento aprovado no final do ano passado e que só no final deste ou início do próximo é que termos novo orçamento?
Então ainda não há 15 dias se vangloriaram que a abertura do ano lectivo tinha sido um sucesso e agora o que temos é alunos no 2º ano do 1º ciclo com computadores Magalhães, que receberam no ano passado, e os que entraram este ano não possuem esta ferramenta para auxílio nos estudos. Os que entraram este ano no 1º ciclo estão em desvantagem perante os seus colegas, pois não possuem um computador, que embora os erros detectados, não deixa de ser um bom auxílio em termos de aprendizagem.
É claro que os alunos apenas necessitam de levar para a escola a sua vontade de aprender, educação e os materiais habituais como canetas lapiseiras e cadernos, mas se houve um tão grande investimento nestes computadores, porque é que agora se cancela o programa logo numa altura em que o ano lectivo está a iniciar?
Não vi uma tão grande preocupação por parte do governo em congelar medidas, aquando do aumento dos manuais escolares em 4,5%, numa altura de crise generalizada que afecta a maioria das famílias. E quanto às obras públicas também não constatei da parte do governo, vontade em suspendê-las, permitindo assim que fosse o próximo executivo a tomar as decisões.
Nunca é de mais recordar a estes senhores que estamos a falar da educação de crianças, que irão ser o futuro do nosso País.
Estão a tratar da educação dos nossos filhos!

Paulo «sopas» Amaral

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Louçã e os PPR's

Desde já quero agradecer ao líder do Bloco de Esquerda (BE) a preocupação que ele tem para com a minha e de mais 998 mil portugueses que possuem PPR's. 998 mil porque ele diz que existem um milhão de portugueses titulares de PPR's e como ele também possui um PPR as contas são fáceis de fazer.
Mas o que eu pretendo com este post é desmascarar um senhor que se diz arauto da defesa dos que menos podem e têm e depois faz o seu contrário. Faz-me lembrar aquela teoria do pai tirano em que diz para o filho "faz o que eu digo e não faças o que eu faço".
Como estava a dizer, agradeço desde já a preocupação do líder do BE quanto ás minhas poupanças, e reparo com estranheza que ele não se preocupe tanto com as dele. Quer dizer, o senhor está preocupado que os PPR's não sejam tão lucrativos "como um qualquer depósito a prazo", as aspas estão aqui porque foi ele mesmo que disse isto, está também constrangido pelo facto de os bancos ficarem com as comissões e de os 999 mil portugueses estarem a perder dinheiro com esta aplicação e não é que a criatura tem aplicado nesta mesma poupança, a malvada da poupança que segundo as contas de Louçã não é poupança outrossim um desperdício de dinheiro, mas dizia eu não é que a criatura tem aplicado em PPR 30 mil euros. TRINTA MIL EUROS, aplicados numa poupança que só dá prejuízo.
Devo convir que este espírito altruísta a roçar o de Madre Teresa de Calcutá, com o devido respeito que a senhora me merece, deixa-me muito sensibilizado.
Este partido, partido na verdadeira acepção da palavra pois é constituído por elementos que foram de outras forças políticas, os ex, pois eles são ex-UDP, ex-PSR, ex-mais não sei o quê, são trotskistas, maoístas, enfim uma amálgama de ideologias e de visões da política que penso não ser fácil conseguirem ter um rumo certo para o País.
Já agora, espanta-me ou talvez não, que na campanha eleitoral do BE apenas se ouça a voz do seu líder. Nos comícios, nos jantares, nas feiras, apenas o omnipresente e omnisciente Louçã discursa.
Será pela razão que atrás aludi, que sendo aquilo uma panóplia de ex-qualquer coisa é necessário que seja apenas um a falar para que não se contradigam?
Já agora, Louçã tem passado por cima daquela polémica da Joana Amaral Dias ter sido convidada para um cargo público pelo PS, após esta ter-se mostrado muito desagradada com Louçã pelo facto de ele se ter aproveitado da sua imagem para fazer propaganda contra Sócrates.
Aqui o omnisciente Louçã espalhou-se ao comprido e nada mais disse acerca disto!

Paulo «sopas» Amaral

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Repartição da riqueza

Esta frase, repetida vezes sem conta nesta campanha eleitoral, pode causar constrangimentos aos menos esclarecidos e receio a quem possui umas economias e pensa que lhe vão ser retiradas.
Os partidos que preconizam esta medida, na qual eu me revejo, são os partidos à esquerda do espectro político, nomeadamente e principalmente o PCP, e por vezes têm alguma dificuldade em fazer-se entender e passar esta mensagem.
Ora o que entendo por "repartição da riqueza" é nem mais nem menos do que colocar ao serviço dos Portugueses, e em seu benefício, os lucros de empresas que devem estar sob a alçada do Estado. Empresas de sectores estratégicos.
Um exemplo.
Quatro administradores executivos da PT, repito apenas QUATRO, tiveram um prémio anual de 2,2 milhões de euros em 2008. A este valor somaram um prémio plurianual de 3,8 milhões de euros. Este último prémio foi dividido também por Henrique Granadeiro, chairman, da PT.
Outro dado. Entre 2006 e 2008, a administração da PT recebeu, de remunerações variáveis, 18,5 milhões de euros. De remunerações variáveis.
Ora, depois destes milhões todos distribuídos por apenas cinco elementos, o que é que os Portugueses obtiveram de melhoria do serviço público que a PT presta. NADA. Pelo contrário, pagamos tarifas de telefone muito caras em relação à média europeia.
É aqui que entra a repartição da riqueza. Esses milhões todos deveriam servir para reduzir o preço das tarifas que os Portugueses pagam, diminuindo os encargos que as famílias suportam com esse serviço e aumentando o rendimento disponível das famílias.
Este é apenas um exemplo, agora podemos transportar este para outros casos de empresas de sectores estratégicos que deveriam estar ao serviço dos Portugueses.

Paulo «sopas» Amaral

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O Debate

O debate de Sábado entre José Sócrates (JS) e Manuela Ferreira Leite (MFL) foi esclarecedor.
Esclarecedor no facto de que ambos têm uma visão da sociedade idêntica, fazem (no caso de MFL, fez) políticas viradas para o grande capital olvidando os que mais precisam, prometem (mais JS) medidas que não irão cumprir, no caso de JS pergunto o que é que andou a fazer nestes últimos 4 anos e meio onde agravou as desigualdades sociais e aumentou o número de desempregados e agora vem dizer "agora é que é!", enquanto que MFL tentou e tenta passar uma esponja pelos anos em que ocupou cargos governativos como ministra da educação e das finanças, onde em ambas as áreas houve tantas desigualdades e conflituosidade.
Aliás, ambos perseguem um mesmo objectivo: passarem uma esponja nos 33 anos em que os dois partidos governaram e tanto "maltrataram" os Portugueses, fazendo com que nós acreditemos que a partir de agora irão fazer coisas diferentes.
Nada mais espúrio.
Quanto a JS mais uma vez se apresentou em pose dogmática. Aliás no debate ele foi tudo o que tem sido nestes 4 anos e meio. Fala do que lhe convém, deitando para trás das costas todos os assuntos que lhe causam ou causaram amargos de boca.
Gostei particularmente da fase do debate, e depois no final do mesmo, quando JS afirmou que iria caso ganhasse as eleições, mudar os ministros em todas as pastas. Depois, algumas horas depois diz em frente às câmaras de televisão que não disse o que disse, a rir-se para tudo e todos com aquele ar autocrático, apanágio daqueles que se arvoam com superioridade em relação aos outros.
Uma última nota.
Em mais de uma hora de debate nem JS nem MFL utilizaram uma única vez a palavra "trabalhadores", aqueles que mais sofreram, que mais direitos e poder de compra perderam em nome de políticas aplicadas pelos dois partidos que nos têm governado nestes 33 anos.
Sintomático.

Paulo «sopas» Amaral

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Abertura do ano lectivo

Pelo que se disse nos meios de comunicação social abriu ontem oficialmente o ano lectivo 2009/2010.
Também pelo que ouvi dos responsáveis do Ministério da Educação (ME), nomeadamente pelo Secretário de Estado da Educação Jorge Pedreira de seu nome, este ano lectivo começou em pleno.
Nunca houve um início de ano lectivo tão excelente como este, todos os professores colocados, as escolas públicas e privadas que são vários milhares, com as suas portas abertas, todo o programa de contenção da Gripe A em funcionamento, os auxiliares de educação todos a trabalhar e em número suficiente, enfim uma panóplia de boas notícias que até me deixaram a pensar se de facto de um ano para o outro, no nosso País os problemas de que a educação padecia tivessem sido ultrapassados. Cheguei até a pensar que a panaceia para o nosso sistema da educação, não estaria nas mãos destes responsáveis do ME.
Et voilá! Quando perguntei à minha filha quando é que a escola dela começava, ela responde que não sabe. Que quando foi à Escola, Gil Vicente no centro de Lisboa, onde irá frequentar o 10º ano, os professores com quem ela se cruzou e na secretaria da escola lhe responderam "não sabemos!".
Este "não sabemos!" também tem como razão, óbvia, o facto de a escola estar a atravessar um processo de qualificação a nível de infra-estruturas, como os burocratas do ME gostam de lhe chamar mas para mim são obras, e estar tornada em estaleiro de construção civil, com gruas, buracos andaimes, etc.
Este exemplo, das infra-estruturas, é apenas um. Agora, existem professores por colocar, existem escolas, nomeadamente no pólo da Póvoa de Varzim, em que a direcção dessa escola contactou por escrito os pais dos alunos a informá-los de que a escola não poderia abrir quando estipulado em virtude da falta de professores, etc, etc.
Por isso quando ouvi o referido secretário de estado dizer, que as escolas estavam com todas as condições para se proceder ao início do ano lectivo fiquei com pele de galinha, ainda para mais quando se afirma que todas, repito todas, as escolas irão abrir até ao dia 15 de Setembro.
Ora, assim como os marinheiros que estando numa acção de salvamento ao não conseguirem resgatar todos os náufragos do mar deixando morrer um, ficam desiludidos, tristes e até zangados com eles próprios, também quem presta serviço público, principalmente numa área tão especial como a educação, não se pode dar como realizado, muito menos satisfeito, ao saber que apenas uma escola, UMA, não abriu, ou abrirá, no prazo estabelecido. E para que o início do ano lectivo não possa ser considerado um sucesso!
A educação, como o meio para formar os jovens de hoje, não deve ser sistematicamente tratada na comunicação social como um custo. Aborrece-me que quando se fala em investimentos na educação se diga que irá ter um custo de x para o Estado.
O Estado deve suportar todos os custos com a educação, com o ensino obrigatório. E não estes custos não devem ser considerados um encargo, outrossim um investimento na formação dos jovens.

Paulo «sopas» Amaral

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O preço dos combustíveis em Portugal

Este é um tema que diz respeito à maioria dos Portugueses, pois sai directamente dos nossos bolsos o dinheiro para encher os cofres das empresas petrolíferas.
Desde o meu último post acerca deste tema, tenho andado a documentar-me sobre a evolução do preço do barril de petróleo e o dos combustíveis e consegui chegar a uma conclusão.
Irei reportar-me ao período de 2008, pois foi nesse ano que rebentou a crise financeira na Europa e foi o ano em que o preço dos combustíveis mais aumentaram no nosso país.
Ao analisar os dados fornecidos pela EIA e DGGE referente ao período de 4 de Janeiro e 5 de Dezembro de 2008, constata-se que o preço do Brent em Londres, que é o nosso mercado, é sempre inferior ao preço da gasolina 95 e gasóleo à excepção do período de 4 a 11 de Julho em que os valores se tocaram.
De referir que os preços dos combustíveis no gráfico incluído neste trabalho são preços sem impostos.


Outro dado que importa referir tem a ver com o facto de que a partir de 12 de Setembro desse ano a queda do preço do Brent foi acentuada, o que não se verificou em relação aos preços dos combustíveis, ou seja, estes não acompanham à mesma velocidade a queda do preço do petróleo, fazendo com que os lucros das empresas petrolíferas aumentassem em detrimento das economias dos Portugueses.
Por exemplo, os preços da gasolina 95 e do gasóleo em Junho de 2008 em comparação com o mesmo mês deste ano e nos preços com imposto e sem imposto e segundo dados da Direcção Geral de Energia do Ministério da Economia, eram os seguintes:

Gasolina 95 - Junho 2008 Gasolina 95 - Junho 2009
S/Imposto C/Imposto S/Imposto C/Imposto
0,657 € 1,500 € 0,497 € 1,295 €

Gasóleo - Junho 2008 Gasóleo - Junho 2009
S/Imposto C/Imposto S/Imposto C/Imposto
0,806 € 1,417 € 0,479 € 1,012 €

A acrescentar a estes valores pode-se dizer que no nosso País a gasolina 95 e o gasóleo são em termos de diferença percentual entre o preço praticado cá e o preço médio da União Europeia a 27, que em Portugal aumentou para mais do dobro naquele período.
Só devido ao facto dos preços dos combustíveis em Portugal serem superiores aos preços médios praticados na União Europeia (27 países), os consumidores portugueses terão de pagar a mais cerca de 436 milhões de euros, pois na gasolina 95 os portugueses pagam a mais em média 0,167 euros por litro e no gasóleo mais 0,028/litro. Ora para um consumo estimado de 1 milhão e setecentos mil litros para a gasolina 95 e de 5 milhões e seiscentos mil litros para o gasóleo (segundo estimativas, com base nos consumos do ano anterior, da Direcção Geral de Energia do Ministério da Economia), chegamos ao valor de 436 milhões de euros que os consumidores pagarão a mais que os seus congéneres europeus.
A juntar a isto ainda veio dizer o presidente da GALP que os preços dos combustíveis terão de aumentar ainda mais para que as petrolíferas possam repor as suas margens de refinação...
A desfaçatez não merece comentários!

Paulo «sopas» Amaral

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Os números do desemprego em Portugal

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou que no 2º trimestre deste ano o número de desempregados atingiu os 507,7 mil.
No últimos 30 anos, este é o valor mais alto do desemprego em Portugal.
Para quem pretendia chegar ao fim da legislatura com mais 150 mil novos empregados, devo convir que não é uma notícia muito agradável.
Por isso é que ainda não ouvimos uma palavra do primeiro ministro ou do ministro do trabalho acerca deste assunto. Pudera, é uma notícia muito desagradável para o governo!
Mas outros dados devem ser levados em conta para este valor de mais de 507 mil desempregados. Existem muitos desempregados que estão colocados fora das estatísticas, por uma qualquer engenharia matemática, por estarem em formação ou a trabalharem a tempo parcial, estes mesmo querendo trabalhar mais tempo, já para não falar dos cerca de 200 mil desempregados "oficiais" que não recebem subsídio de desemprego.

Bem pode este governo afirmar que o número de desempregados se deve à crise financeira que o mundo atravessa desde meados de 2008, que esses mesmos números o desmentem.
Desde 2005 que o número de postos de emprego tem vindo a manter um quebra trimestre a trimestre com excepção do período compreendido entre o 2º e o 3º trimestre de 2006, tendo neste momento o desemprego os valores que já referi.
Bem prega Frei Tomás...
Bem pode este governo vir dizer, com falinhas mansas, que fez um esforço tremendo para combater o desemprego, que os portugueses não acreditam. E os números o desmentem.
Paulo «sopas» Amaral








terça-feira, 8 de setembro de 2009

O preço dos combustíveis nas auto-estradas

Quem passa nas auto-estradas (AE's), por necessidade ou por andar a passear, que é o meu caso, já reparou que os preços dos combustíveis são mais caros.
No passado domingo, dia 6 de Setembro, fui passear com a minha família e utilizei a A8. Antes de entrar na auto-estrada existe uma bomba de gasolina que se não estou enganado é da Repsol, onde o preço da gasolina 95 octanas era, digo era porque hoje já pode ser mais caro, era de 1,314 por litro.
Após ter entrado na A8 e passados cerca de 20 Kms. numa bomba da mesma empresa petrolífera, parei para atestar o depósito e constatei que o preço do litro da gasolina 95 era de 1,349, ou seja, mais caro três cêntimos e meio que na bomba localizada 20 kms. atrás.
Claro que poderia ter atestado na bomba localizada ao fim da Calçada de Carriche, mas não o fiz, e o que me sugere dizer é que se já pago tantos impostos, já pago tanto de portagens, apenas como exemplo posso referir que ir e vir à Nazaré paguei doze euros e trinta cêntimos onde nos 127 kms. de distância de Lisboa à Nazaré percorro mais ou menos 90 de AE e desses cerca de 60 estão em obras, porque é que também tenho que pagar os combustíveis mais caros.
E após as gasolineiras começarem a cumprir a lei da afixação de preços dos combustíveis para os utilizadores puderem fazer comparações, o que se constata é que os preços são EXACTAMENTE iguais em todas as empresas petrolíferas nos postos das auto-estradas.
E a Autoridade da Concorrência diz que não existe cartelização!

Paulo «sopas» Amaral

Na Madeira

Muito tenho ouvido acerca da utilização de uma viatura para as deslocações da Manuela Ferreira Leite (MFL) na Madeira.
Dizem as notícias que a MFL utilizou uma viatura do Estado numa visita de carácter partidário na deslocação que fez à Região Autónoma da Madeira.
Isto não passa de mais um fait divers em que esta pré-campanha eleitoral se está a tornar fértil. Tanto alarido para quê se na Madeira o Estado se confunde com o PSD e este com o Estado?
Outro assunto que fez furor ontem, levando até a uma conferência de imprensa pelo «renovado» porta voz do PS, foi o facto de MFL ter dito que na Madeira não existe asfixia democrática...
Bem vindo de uma pessoa que há tempos afirmou peremptoriamente que a democracia devia ser suspensa durante seis meses para que se pudessem tomar certas medidas, não sei porque é que o PS e os seus arautos se incomodaram tanto com esta última gaffe da senhora.
Existem coisas mais importantes para debater, como por exemplo, qual a moral que PS, PSD e CDS-PP têm para virem agora armar-se em paladinos da defesa dos direitos dos trabalhadores, do SNS, da baixa de impostos, dos professores, dos agricultores, quando foram eles que ao longo destes 33 anos, juntos ou separados, têm acabado com esses direitos consagrados na Constituição?

Paulo «sopas» Amaral

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Sondagens...

Acho alguma piada às sondagens.
Depois do descalabro das sondagens para o Parlamento Europeu, em que nenhuma das empresas de sondagens acertou nos resultados, havendo apenas uma que se aproximou do resultado final, este fim-de-semana fomos "bombardeados" com uma sondagem da Marktest para a TSF e Diário e Semanário Económico em que dava a vitória do António Costa para a CML.
Acho irrelevante, nesta altura, saber se o António Costa ganha ao Santana Lopes ou se este ganha ao actual Presidente, se o BE fica em terceiro ou o PCP fica à frente do BE, etc.
Tenho uma teoria em relação a sondagens fora do tempo, como é o caso desta.
Quando alguma coisa corre mal ao partido do Governo, seja ele qual for, lá aparece um ou mais órgãos de comunicação social a solicitarem sondagens a empresas conotadas com este ou aquele partido para amenizarem os estragos que eventualmente possam a estar a ser causados por um ou outro problemazinho na sociedade e que afecta o partido do Governo.
Se não me engano, a Marktest foi a empresa que deu sempre a vitória ao PS nas últimas eleições, nas várias sondagens que efectuou.
Agora, e no meio de uma tempestade para o partido do Governo vem com uma sondagem, parece-me que encomendada, a reforçar a posição do candidato do PS nas eleições autárquicas que apenas terão lugar daqui a mais de um mês.
Será que atrás deste pretenso resultado eleitoral para a CML, se pretenderá influir o povo português para a eleição que se segue daqui a vinte dias, que é para a Assembleia da República?
Dá que pensar!
Por isto, e pelo que referi em relação aos resultados das últimas eleições sou levado a concluir que virão aí muitas sondagens a la carte, para conseguir colocar no poder quem as administrações dessas empresas preferem.
Haverá sondagens para todos os gostos, mas uma coisa é garantida. O resultado eleitoral dos partidos advém da vontade do povo, de como o povo vota e não é com números de inquéritos feitos não se sabe como nem a quem, que haverá um partido a governar os destinos de Portugal nos próximos anos.
Por tudo isto sugiro que estejamos atentos e verificaremos que irão existir sondagens praticamente todos os dias sempre com os mesmos objectivos. Deitar abaixo uns partidos e colocar nos píncaros quem mais interessa às administrações dessas empresas.

Paulo «sopas» Amaral

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O Serviço Nacional de Saúde

Afinal, o meu spot de 31 de Agosto acerca do conceito do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que o primeiro ministro tem, acertou em cheio.
Não sou como um político que todos conhecemos que afirmou em tempos que raramente se engana e nunca tem dúvidas, mas neste caso não me enganei.
Uma medida deste governo que não foi divulgada pela comunicação social, que estranhamente neste tipo de acontecimentos limita-se a omiti-las entregou ao grupo Mellos o grupo privado que tem tomado conta da saúde em Portugal, este governo entregou, dizia eu, o Hospital Central de Braga a esse grupo económico, deixando esse hospital de ser uma unidade do SNS passando a ser um hospital privado.
Ora, o que posso constatar deste anúncio-medida é que esta situação irá ter consequências profundas na prestação dos cuidados de saúde das populações que eram servidas por aquela unidade hospitalar no âmbito do SNS e que agora terão mais dificuldade em aceder à saúde e que esta lhes sairá mais cara.
Reitero a minha revolta: que estranho conceito de SNS, tem este primeiro ministro e este governo!

Paulo «sopas» Amaral

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Sócrates e a direita

Disse o primeiro ministro (PM) na entrevista concedida à RTP, que o PSD está muito à direita em relação ao PSD tradicional.
Esqueceu-se de dizer que também o Partido Socialista está muito mais à direita que nunca, ultrapassando em certas políticas o PSD.
Nunca os grandes grupos económicos tiveram tantos benefícios, nunca a banca teve tantas regalias nomeadamente a nível fiscal e aumentou tanto os seus lucros, mesmo em contraciclo com a economia, como nestes últimos 4 anos e meio.
Em contraponto, nunca os trabalhadores perderam tantos direitos, nunca houve tantos ataques aos direitos dos reformados, dos militares, dos agentes da PSP, dos professores, dos médicos e enfermeiros, como no governo de Sócrates.
Nunca um governo fez publicar uma lei que atacasse tanto os direitos dos trabalhadores, como o código do trabalho, muito mais restritivo nos direitos do que o inicialmente aprovado por Bagão Félix um destacado político de direita, do que este governo.
Nunca um governo atacou tanto os direitos dos militares como este ao aprovar um Regulamento de Disciplina Militar digno do séc. XIX.
Se isto não é governar com políticas de direita, e que direita, então não sei o que será!
Paradigmático das políticas de direita praticadas pelo PS, é o facto das sucessivas crises de liderança que o PSD tem atravessado. Nenhum líder que passou pelo PSD, conseguiu convencer os acólitos seguidores do partido pelo simples facto de não conseguir fazer oposição ao PS por este levar a cabo as políticas que o PSD gostaria de praticar.
Este PS e este PSD são "farinha do mesmo saco", são eles os responsáveis pelas políticas que em 33 anos nos empobreceram, a quem trabalha porque aos outros foram 33 anos a enriquecer, foram eles os responsáveis pelo atraso do País em relação aos restantes países da União Europeia, são eles os responsáveis pela eliminação do nosso sector produtivo, pelo fecho de fábricas como a Lisnave e a Setenave, pela perda de direitos de produção na agricultura e pela perda de milhares de barcos da nossa frota pesqueira, tudo em detrimento dos outros países da UE.
Por isto está na hora de dizermos basta, de correr com estes políticos que são sempre os mesmos e dar força a quem defende de facto os direitos dos trabalhadores e dos pequenos e médios empresários, a CDU!

Paulo «sopas» Amaral

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O meu Bairro de Alfama

O Bairro de Alfama é o bairro mais antigo da cidade de Lisboa e um dos mais típicos. O seu nome deriva do árabe Al-Hamma que significa banhos ou fontes.
O Bairro de Alfama que me viu nascer, onde cresci e onde vivo há 41 anos está completamente descaracterizado.
Cresci em Alfama a jogar à bola e a correr nas ruas, a ver homens e mulheres de trabalho a irem para os seus empregos e ao fim do dia quando regressavam a suas casas não iam em passo apressado mas sim a desfrutar dos prazeres que Alfama lhes dava.
Estivadores, fragateiros, empregados e empregadas de bancos e dos despachantes, mulheres da limpeza, enfim uma panóplia de trabalhadores, calcorreavam de manhã e à tarde as ruas do bairro dando vida e alma a Alfama, bairro que se assemelhava a uma antiga aldeia na qual as pessoas se conheciam e cumprimentavam diariamente.
Nos dias que correm, o meu Bairro já não é nada do que atrás referi.
Já não se vêem miúdos a jogar à bola nem a brincar na rua, as pessoas que trabalham no bairro quase que se contam pelos dedos, tornando quase desertas as ruas, escadarias e vielas do bairro. As poucas que ainda trabalham, na maioria empregados da construção civil, entram e saem do bairro em passo apressado.
Onde se via pessoas a passar nas ruas, na azáfama do dia-a-dia, ou para trabalhar ou a fazer compras ou ainda a passear, nos dias que correm o que se nos depara são pessoas que vivem do rendimento mínimo encostadas às esquinas, sentadas nas escadas esperando que as horas do dia passem, qual comboio rápido pelas estações. Certo que há pessoas a receber o rendimento mínimo que tendo sido despedidas não tendo já idade para trabalhar o recebem porque não têm mais nenhum apoio do Estado, mas a maioria são jovens que não querem trabalhar e que se habituaram a este tipo de vida e de lá não querem sair, homens e mulheres que vivem de expedientes denegrindo a imagem do povo trabalhador, sério e honesto que sempre foi o povo de Alfama.
Povo que apenas pretende manter essa velha tradição.
As sistemáticas crises e os governos que têm governado o País são uma quota parte da culpa no que diz respeito a criar empregos e nas sucessivas políticas que dificultam o acesso ao mercado de trabalho.
Mas a maior responsabilidade advém de uma outra crise, uma crise civilizacional, de valores e princípios, que nos está a consumir e que não augura nada de bom para o futuro dos nossos filhos.
Quando vejo adolescentes que não querem estudar e os pais nada fazem para contrariar a vontade dos filhos, penso que está tudo dito em relação à crise civilizacional que referi.
Quando constato que raparigas com 16, 17 ou 18 anos engravidam, e quantos mais filhos têm mais recebem, para receberem o referido rendimento, fico com a ideia de que o futuro destes jovens e destas jovens pode estar hipotecado.
Este meu desabafo foi causa de muitas evidências ao longo dos tempos. E como qualquer evidência, esta também não deve ser mandada para trás das costas.

Paulo «sopas» Amaral